terça-feira, 12 de novembro de 2013

sábado, 17 de agosto de 2013

Tempo Perdido



Hugo era o mais velho de cinco irmãos, com 16 anos já tinha conseguido seu primeiro emprego e enchia seus pais de orgulho. Desde os 12 anos, era apaixonado por seu vizinho Danilo, mas nunca tinha dito isso para ninguém. Ele sabia que jamais poderia assumir sua sexualidade para seus pais, pois eles já demonstravam vários sinais do ódio que sentiam por gays, aplaudindo cada noticia de agressão a um que de tempos em tempos chocava Hugo. Cauã era o irmão mais novo, e com 8 anos já tinha pensamentos fortes e era muito inteligente, ele admirava o irmão, e via ele como um santo. Cauã acabara de completar 10 anos, quando Hugo ganhou uma promoção e passou a ser supervisor do setor da fabrica onde trabalhava, e ele tinha apenas 18 anos. Entre seus novos colegas de trabalho, estava Leonardo, um jovem de 18 anos que era assumidamente bissexual. Hugo logo simpatizou com o rapaz, mas não pensava na possibilidade de ficarem juntos, ele apenas o via como um amigo.
 Já fazia 6 meses que ele estava trabalhando lá, e agora as coisas estavam diferentes, Hugo estava apaixonado por Leonardo, e não conseguia parar de pensar nele nem um minuto. Era o dia do aniversario de Leonardo, ele estava fazendo 19 anos e resolveu chamar Hugo pra comemorar.
-E ai Hugo. Tudo bem?
-Tudo certo Leonardo. E com você?
-Eu estou bem. Mas me faz um favor?
-Claro!
-Me chama só de Léo?
-Eu não sei se consigo!
-Tudo bem, não esquenta. Mas eu queria te fazer um convite!
-Um convite?
-Sim. Hoje é meu aniversario, e vou dar uma festinha lá em casa as 21:00. Aparece lá!
-Vou ver... Acho que tenho um compromisso... Mas se der eu apareço talvez.
-Você não sabe disfarçar!
-É que... eu estou com medo... porque tive um pesadelo!
-Isso é a letra de uma musica. "Pais e Filhos"!
-Ah cara, não adiantada tentar te enganar!
-Não. Te espero as 21:00!
-Tudo bem então.
Hugo não queria se aproximar muito dele, não tinha esperanças de ficarem juntos e não pretendia alimentar aquilo e se ver cada vez mais dependente dessa paixão. Ele pensou bem e gritou para o amigo que já estava saindo.
-Ei.
-Me chamou
-Sim...
-O que foi?
-É... Parabéns Leonardo.
-Obrigado!-Gritou ele sorrindo- E da próxima vez me chama de Léo!
No fim do expediente, Hugo tinha resolvido ir na tal festinha. Ele chamou Léo e disse:
-Eu vou dar uma passada lá, as 21:00. Mas não posso ficar muito.
-Eu te pego em casa as 20:30. Pode ser?
-Tudo bem. Vou te passar meu endereço.
Ele estava ansioso para conhecer melhor Leonardo,  não conseguia esconder a felicidade e chegou em casa cantando. Seu pai vendo toda aquela euforia comentou:
-Arrumou uma namorada foi?! Já não era sem tempo!
-Não, é que eu vou na casa de um amigo numa festinha.
-Então e namorado!-gritou seu irmão Gabriel.
-Deus me livre! Prefiro enterrar um filho ao casa-lo com outro homem.
-Nada disso vai acontecer pai. Fica tranquilo.
-Quanto a mim... acho que vai ter que me enterrar.
-Para com essas baboseiras Gabriel.
-Eu não tenho tempo pra isso, o Leonardo já esta quase aqui e...
-Ah, então é namorado mesmo.
- Seu irmão não é um desses promíscuos que tem por ai não. São só amigos.
Hugo não podia esconder a revolta que sentia ao ouvir aquilo de seu pai, quando subiu na moto de Léo e o abraçou para se segurar, não sabia o que faria da própria vida, sentia atração e desejo por Léo, lembrava de Danilo, e ao mesmo tempo do que o pai dissera. Quando chegaram, Hugo estava curioso pra saber se conhecia quem estaria na festa, pois ficava sem jeito com desconhecidos.
-Fica tranquilo. Não vai ter ninguém que você não conheça.
-Ótimo.
Quando eles entraram o apartamento estava vazio, no fundo musicas românticas tocando, a mesa estava preparada para um jantar a dois e a sala toda decorada.
-Cade todo mundo?
-Somos só nos dois.
-Não podemos fazer isso. Eu não posso.
Leonardo lhe beijou antes que pudesse continuar falando, eles sentaram no tapete da sala, e ali passaram um bom tempo entre beijos e abraços. Mas quando a coisa parecia esquentar, Hugo parava e dizia que não podia.
A noite foi passando, e finalmente ele resolveu se entregar e fizeram amor ali mesmo, mas antes que o dia amanhecesse Hugo se vestiu e foi embora. Quando acordou, Leonardo olhou em volta e começou a chamar por Hugo, e viu que havia um bilhete em cima da mesa dizendo: "Precisei sair. Mas a noite foi ótima!"
Leonardo foi trabalhar, e lá já estava Hugo. Ele se aproximou de seu chefe e disse:
-Você sumiu ontem anoite hem?
-É que eu precisei fazer uma coisa...
-Que coisa-disse ele beijando Hugo-Me fala.
-Aqui não... Aqui não podemos... Não podemos... aqui n...
Hugo deixou as coisas caírem no chão, e agarrou Leonardo, enquanto eles se beijavam, Gabriel estava indo levar o almoço dele, e Cauã também estava com ele.
-Cade o Hugo?
-Calma, estamos chegando no setor dele.
-Sera que ele vai pra outra festa hoje?
-Não sei, só preciso achar o Hugo.
-Não é ele ali beijando aquele menino?!





-O que? Ele não beijaria um meni...
-Hugo! Mas que merda é essa?
Hugo se assustou com o grito de Gabriel, que jogou sua marmita no chão espalhando toda comida pelo corredor.
-Come agora, porquê pessoas como vocês dois tem que ser tratadas como cachorro...
-Gabriel não faz isso com ele-disse Cauã.
-Vai defender ele? Virou bicha também?
-Não fala assim...
-Eu vou embora... se quiser vem comigo. Se quiser participar da suruba, sinta-se a vontade
-Eu vou com você.
-Ótimo. E você sera minha testemunha quando falarmos com o pai sobre isso.
-Não Gabriel! Por favor não faz isso.
-Tarde de mais Hugo.
Gabriel entrou no carro e foi pra casa, ele estava decidido a contar tudo para o seu pai, Cauã estava desesperado, talvez pior ainda que Hugo, que entrou no carro e foi atrás.
Gabriel passava todos os sinais vermelhos, e por varias vezes chegava perto de bater o carro, mas Hugo estava com medo de danificar o carro da empresa e não correu muito. Quando chegou em sua casa, Gabriel desceu e sem desligar o motor ou tirar as chaves do contato desceu, deixando Cauã no veiculo.
-Pai! Mãe! Preciso falar com vocês... com os dois!
-O que aconteceu meu filho?
-O Hugo se entregou...
-Se entregou a que?
-Ele se entregou, resolveu esquecer o quanto é errado e vergonhoso e simplesmente tem se agarrou com outro homem.
-Minha nossa! Sandra, vem aqui agora minha esposa.
Quando Hugo chegou, e entrou na casa todos estavam sentados esperando por ele. Seu pai levantou, foi em sua direção chorando. Olhou no fundo de seus olhos e enquanto Sandra, que era mãe de Hugo, gritava, seu pai lhe deu um tapa.
-Nunca mais faça isso de novo, se quiser me chamar de pai.
-Eu sou gay, e não tenho vergonha disso.
-Eu já disse uma vez, e vou dizer de novo: Prefiro enterrar um filho do que casa-lo com outro homem.
-Então prepare minha cova.
-Farei isso com as próprias mãos se você insistir nessa historia.
Ele saiu e entrou no carro, seu pai olhou para Gabriel e disse:
-Vamos atrás dele.
-O carro esta lá fora.
Mas quando eles saíram, o carro não estava lá, e junto com ele, Cauã havia sumido.

                                                                 Continua...

gatos de cueca


olha so os gatinhos